📌 5 de Fevereiro, 2016

Da Internet à Sociedade em Rede

Comunicação · Universidade

📌 5 de Fevereiro, 2016

Da Internet à Sociedade em Rede

Comunicação · Universidade

Com o surgimento dos sistemas de computação, inicialmente bastante dispendiosos, alguns investigadores como Wiener começaram a procurar soluções que permitissem a partilha destes recursos dentro das instituições baixando o seu custo, o que levou à formação das primeiras redes de comunicação entre computadores. Assim inevitavelmente, durante a “guerra fria”, com a necessidade de garantir a continuidade da informação militar detida pelos EUA, foi desenvolvida a ARPANET. Esta era uma rede distribuída de computadores (identificados por endereços) onde cada um detinha certos conjuntos de informação que poderia ser acedida através dos restantes computadores da rede. Assim “o Departamento de Defesa dos EUA iniciava (…) o fenómeno comunicacional e mediático mais importante do século XX” (Guerreiro 2014: 226).

Com o fim da “guerra fria” e a decorrente estabilidade politica do panorama internacional, a ARPANET foi dividida expandida (através de avultosos investimentos em infraestrutura) para incluir também universidades e instituições de ensino públicas e mais tarde privadas. Notoriamente no CERN, Tim Berners-Lee e a sua equipa, desenvolveram diversas formas de padronizar o armazenamento (HTML), acesso (HTTP) e relacionamento/ligação (baseado no conceito de hipertexto) de informação em redes de computadores que culminaram na invenção da Word Wide Web em 1992.

O potencial deste novo modelo foi reconhecido por entidades públicas e privadas que investiram na criação da Internet uma rede global e computadores acessível a todos que em 1999 já era utilizada por cerca de 179 milhões de pessoas em todo o mundo. A sua utilização massificou-se de forma exponencial chegando a cerca de 40% da população durante 2013, torando-se assim a “rede planetária mais utilizada”. (Guerreiro 2014: 231). Assim criou-se um mundo totalmente global ao qual, que como Guerreiro (2014: 231) refere, estamos todos ligados através deste novo meio de comunicação.

Como em outros períodos históricos tivemos aqui um ponto de viragem social marcado por um acesso ao conhecimento e informação ainda mais rápido e eficaz. Citando Castells (2005) esta nova sociedade ligada em rede “representa uma transformação qualitativa da experiência humana”. Em seguimento Lévy (1999) afirma também que o computador/internet “é uma nova ferramenta de experiência e pensamento”.

Temos vindo a tentar superar progressivamente as barreiras espácio-temporais, na relação entre os homens, ao longo da história e isto culminou com o surgimento das comunidades virtuais onde partilhamos conhecimento, informação e experiências de forma sem precedentes. Estas representam o novo paradigma socio comunicacional global onde estamos cada vez mais próximos e que está na origem de profundas e controversas restruturações do tecido social a nível politico, religioso e cultural.

Com o surgimento da Web 2.0 melhorámos ainda mais a capacidade de relação entre nós ao criar uma plataforma global fundada na “inteligência coletiva” de todos os membros pertencentes a esta comunidade virtual da qual tiramos partido diariamente (e muitas vezes até involuntariamente).

Hoje temos um novo mundo completamente globalizado e “instantâneo” onde a “realidade é mediatizada pela tecnologia” (Guerreiro 2014: 238). Esta nova mediação tecnológica acaba por se transformar na “espinha dorsal” da sociedade moderna influenciando a nossa própria identidade individual, fundando as nossas comunidades (cada vez maiores) que mantêm o mundo global onde vivemos.

Referências

  • CASTELLS, M. (2005). A Sociedade em Rede. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian;
  • GUERREIRO, A. D. (2014). Da Imprensa aos Novos Media e Sociedade em Rede. In: História Breve dos Meios de Comunicação: Da Imanência Pensante à Sociedade em Rede. Almada: EDLARS – Educomunicação e Vida;
  • LÉVY P. (1999) Cibercultura. São Paulo: [S.E.];
  • ROSA, A. M. (2003). Internet – Uma História. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas;